Reflexões

De repente a Tempestade

Na vida, somos, por vezes, surpreendidos por acontecimentos que abalam nossas estruturas. Situações de perda, luto ou adversidade podem nos deixar sem saber como agir ou o que pensar. Olhamos ao redor e vemos montanhas, subidas íngremes que nos parecem impossíveis de escalar. São momentos difíceis, que nos confrontam e jogam em nossa face nossas limitações.

Não é fácil lidar com desafios que fogem do nosso controle. Às vezes, a dor é tão intensa que nos impede de enxergar além. É como se tudo ao redor estivesse em chamas, dificultando nossa visão e compreensão, a ponto de fazer com que a vida pareça perder o sentido.

Mas será que é possível encontrar um sentido em meio a dor?

Antes de tudo, precisamos entender o significado de “sentido”.

Essa palavra  está relacionada a rumo, direção, caminho. Elementos que normalmente se perdem quando enfrentamos uma situação adversa. No entanto, se aprofundarmos um pouco mais, perceberemos que “sentido” também se refere a propósito ou razão de ser, de existir.

Viktor Frankl, psiquiatra judeu que sobreviveu aos horrores dos campos de concentração nazistas, estudou profundamente esse tema e desenvolveu uma abordagem psicologica chamada Logoterapia.

A Logoterapia tem como base três pilares fundamentais. De acordo com Frankl, todo ser humano é dotado dessas três características:

  1. Vontade de Sentido

A vontade de sentido é a necessidade humana de encontrar um propósito e um significado para a vida. Ela é mais profunda do que a busca por prazer ou poder por si só. Quando encontramos um sentido, conseguimos superar obstáculos imensos, incluindo o sofrimento.

  1. Sentido da Vida

Para Frankl, o sentido da vida não é algo fixo, mas único para cada pessoa e pode variar ao longo do tempo. Pode ser encontrado no trabalho, no amor, em experiências significativas ou até mesmo na maneira como enfrentamos um sofrimento inevitável.

O sentido da vida é aquilo que nos move, que nos dá alegria ao fazer. É quando nossas ações estão alinhadas com nossos valores, e sentimos que, mesmo com nossas limitações, podemos contribuir para a vida de outras pessoas.

Descobrimos o sentido da vida vivendo, caminhando dia após dia. Entretanto, quando estamos imersos na dor muitas vezes o negligenciamos.Tendemos a olhar mais para o nosso próprio sofrimento, potencializando-o e minimizando outras áreas importantes da nossa vida, o que acaba por intensificar ainda mais nossa angústia. O sentido da vida nos ajuda a olhar além da dor, além da ferida. Não se trata de negar que a ferida exista, mas de compreender que há vida mesmo em meio às adversidades.

  1. Liberdade de Vontade

Não temos controle sobre tudo o que acontece em nossas vidas, mas somos livres para fazer escolhas e tomar atitudes diante das circunstâncias. E essas escolhas determinam a direção que seguimos.

O Sentido Como Suporte para a Dor

O ser humano tem uma necessidade intrínseca de dar sentido às suas experiências, mesmo às mais difíceis. O sentido não elimina a dor em si, mas serve como um apoio para que o sofrimento seja, ao menos, suportável.

Frankl, que testemunhou os horrores dos campos de concentração, observou que os prisioneiros que encontravam um propósito para continuar vivendo, como reencontrar a família, concluir um trabalho significativo ou testemunhar a vida após o Holocausto, tinham mais chances de sobreviver. Ele resumiu essa ideia na célebre frase:

“Aquele que tem um ‘porquê’ para viver pode suportar quase qualquer ‘como’.”

(Friedrich Nietzsche, citado por Frankl)

Frankl nos lembra que:

✔ O sofrimento é inevitável, mas podemos escolher como lidar com ele.

✔ A capacidade de encontrar significado na dor transforma o sofrimento em algo suportável.

✔ A ausência de sentido leva ao vazio existencial, contribuindo para o desespero e para doenças psicológicas.

Reflexão: Perguntas para Encontrar Sentido

É nos momentos de crise que temos a oportunidade de avaliar nossas vidas e nos redescobrir em uma nova realidade. Para isso, podemos nos fazer algumas perguntas essenciais:

Quem sou eu neste momento de dor?

Estou realmente enfrentando essa tempestade ou apenas deixando que ela me leve?

Se a dor pudesse falar, o que ela me diria?

Ainda há beleza ao meu redor, ou apenas não estou conseguindo abrir os olhos?

O que estou negligenciando em mim que precisa ser visto com mais ternura?

Posso transformar minha dor em um gesto de compaixão para com o outro?

Eu preciso mesmo enfrentar isso sozinho ou esta na hora de buscar ajuda?

Ao compartilharmos nossos medos e buscarmos auxílio junto àqueles que amamos, encontramos força e esperança para enfrentar cada desafio imposto pela vida.

Toda tempestade, por mais intensa, tem um fim. E, mesmo que as nuvens cubram o sol, acima delas ele continua a brilhar. Às vezes, precisamos alçar voo, ultrapassar as nuvens para poder  enxergar novamente a luz…

E apesar de tudo, dizer sim à vida.

Rogério Lima.

Referencias:

Frankl, V. E. (2005). Um homem em busca de sentido: Um psicólogo no campo de concentração (J. Schuch, Trad.). Vozes.

• Frankl, V. E. (2016). A voz que clama por sentido (G. A. Tavares, Trad.). Ideias & Letras.

De repente a Tempestade

Na vida, somos, por vezes, surpreendidos por acontecimentos que abalam nossas estruturas. Situações de perda, luto ou adversidade podem nos deixar sem saber como agir ou o que pensar. Olhamos ao redor e vemos montanhas, subidas íngremes que nos parecem impossíveis de escalar. São momentos difíceis, que nos confrontam e jogam em nossa face nossas limitações.

Não é fácil lidar com desafios que fogem do nosso controle. Às vezes, a dor é tão intensa que nos impede de enxergar além. É como se tudo ao redor estivesse em chamas, dificultando nossa visão e compreensão, a ponto de fazer com que a vida pareça perder o sentido.

Mas será que é possível encontrar um sentido em meio a dor?

Antes de tudo, precisamos entender o significado de “sentido”.

Essa palavra  está relacionada a rumo, direção, caminho. Elementos que normalmente se perdem quando enfrentamos uma situação adversa. No entanto, se aprofundarmos um pouco mais, perceberemos que “sentido” também se refere a propósito ou razão de ser, de existir.

Viktor Frankl, psiquiatra judeu que sobreviveu aos horrores dos campos de concentração nazistas, estudou profundamente esse tema e desenvolveu uma abordagem psicologica chamada Logoterapia.

A Logoterapia tem como base três pilares fundamentais. De acordo com Frankl, todo ser humano é dotado dessas três características:

  1. Vontade de Sentido

A vontade de sentido é a necessidade humana de encontrar um propósito e um significado para a vida. Ela é mais profunda do que a busca por prazer ou poder por si só. Quando encontramos um sentido, conseguimos superar obstáculos imensos, incluindo o sofrimento.

  1. Sentido da Vida

Para Frankl, o sentido da vida não é algo fixo, mas único para cada pessoa e pode variar ao longo do tempo. Pode ser encontrado no trabalho, no amor, em experiências significativas ou até mesmo na maneira como enfrentamos um sofrimento inevitável.

O sentido da vida é aquilo que nos move, que nos dá alegria ao fazer. É quando nossas ações estão alinhadas com nossos valores, e sentimos que, mesmo com nossas limitações, podemos contribuir para a vida de outras pessoas.

Descobrimos o sentido da vida vivendo, caminhando dia após dia. Entretanto, quando estamos imersos na dor muitas vezes o negligenciamos.Tendemos a olhar mais para o nosso próprio sofrimento, potencializando-o e minimizando outras áreas importantes da nossa vida, o que acaba por intensificar ainda mais nossa angústia. O sentido da vida nos ajuda a olhar além da dor, além da ferida. Não se trata de negar que a ferida exista, mas de compreender que há vida mesmo em meio às adversidades.

  1. Liberdade de Vontade

Não temos controle sobre tudo o que acontece em nossas vidas, mas somos livres para fazer escolhas e tomar atitudes diante das circunstâncias. E essas escolhas determinam a direção que seguimos.

O Sentido Como Suporte para a Dor

O ser humano tem uma necessidade intrínseca de dar sentido às suas experiências, mesmo às mais difíceis. O sentido não elimina a dor em si, mas serve como um apoio para que o sofrimento seja, ao menos, suportável.

Frankl, que testemunhou os horrores dos campos de concentração, observou que os prisioneiros que encontravam um propósito para continuar vivendo, como reencontrar a família, concluir um trabalho significativo ou testemunhar a vida após o Holocausto, tinham mais chances de sobreviver. Ele resumiu essa ideia na célebre frase:

“Aquele que tem um ‘porquê’ para viver pode suportar quase qualquer ‘como’.”

(Friedrich Nietzsche, citado por Frankl)

Frankl nos lembra que:

✔ O sofrimento é inevitável, mas podemos escolher como lidar com ele.

✔ A capacidade de encontrar significado na dor transforma o sofrimento em algo suportável.

✔ A ausência de sentido leva ao vazio existencial, contribuindo para o desespero e para doenças psicológicas.

Reflexão: Perguntas para Encontrar Sentido

É nos momentos de crise que temos a oportunidade de avaliar nossas vidas e nos redescobrir em uma nova realidade. Para isso, podemos nos fazer algumas perguntas essenciais:

Quem sou eu neste momento de dor?

Estou realmente enfrentando essa tempestade ou apenas deixando que ela me leve?

Se a dor pudesse falar, o que ela me diria?

Ainda há beleza ao meu redor, ou apenas não estou conseguindo abrir os olhos?

O que estou negligenciando em mim que precisa ser visto com mais ternura?

Posso transformar minha dor em um gesto de compaixão para com o outro?

Eu preciso mesmo enfrentar isso sozinho ou esta na hora de buscar ajuda?

Ao compartilharmos nossos medos e buscarmos auxílio junto àqueles que amamos, encontramos força e esperança para enfrentar cada desafio imposto pela vida.

Toda tempestade, por mais intensa, tem um fim. E, mesmo que as nuvens cubram o sol, acima delas ele continua a brilhar. Às vezes, precisamos alçar voo, ultrapassar as nuvens para poder  enxergar novamente a luz…

E apesar de tudo, dizer sim à vida.

Rogério Lima.

Referencias:

Frankl, V. E. (2005). Um homem em busca de sentido: Um psicólogo no campo de concentração (J. Schuch, Trad.). Vozes.

• Frankl, V. E. (2016). A voz que clama por sentido (G. A. Tavares, Trad.). Ideias & Letras.

plugins premium WordPress